Campinas.com.br - Antigas fazendas guardam a história de Campinas

2022-07-22 20:17:25 By : Ms. Phoebe Pang

No início do século XVIII, a região de Campinas era ocupada por densa Mata Atlântica. A sua localização estratégica, porém, próxima ao Caminho dos Goiases – rota do ouro – fez com que o local se tornasse pouso para viajantes e, a partir de então, começasse a ser colonizado e povoado.

A origem de Campinas vincula-se, portanto, à abertura dessa rota bandeirante. Como se sabe, os paulistas descobriram as primeiras jazidas significativas de ouro no Brasil no fim do século XVII, na região do rio das Velhas (hoje estado de Minas Gerais).

O solo fértil e a abundante rede hídrica local, ideais para agricultura, chamaram a atenção dos colonizadores e fizeram com que a região se apresentasse como promissora e ideal para a produção açucareira e, depois, cafeeira. Dessa forma, terras foram concedidas e demarcadas pelo governo português, as chamadas Sesmarias, para a farta produção agrícola, a partir de 1728. E, até 1822, 43 lotes de terras foram concedidos na área da antiga Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Campinas – povoamento que daria origem à cidade.

Aos poucos, com o intenso povoamento da região, as Sesmarias foram se desmembrando e dando lugar às grandes fazendas monocultistas, como a cana-de-açúcar e depois a cultura do café. Campinas teve uma produção cafeeira expressiva, o que fez com que a cidade, em meados do século XIX, vivesse sua era dourada, com grande produção econômica e cultural.

A partir do final do século XIX, porém, as fazendas passaram por mudanças significativas, com os impactos da febre amarela, com a crise do café e com a urbanização. Dessa forma, muitas delas deixaram de existir na paisagem campineira, outras pararam de produzir café e algumas se tornaram moradias de descendentes dos antigos donos das propriedades, sem produção agrícola significativa.

A historiadora Suzana Barretto Ribeiro, responsável pela coletânea de três livros “Sesmarias, Engenhos e Fazendas – Arraial dos Souzas, Joaquim Egydio, Jaguary – 1792 – 1930”, comenta que a ideia da obra surgiu do entendimento de que se precisava aprofundar o conhecimento sobre essas fazendas, material com o qual ela já tinha contato por conta de outros trabalhos, além de divulgar a pesquisa que faz parte da história do estado de São Paulo. O trabalho durou aproximadamente 12 anos, de 2003 a 2015.

“Ter isso publicado é muito importante, porque além da iconografia dessas fazendas, a gente tem todo um levantamento das transformações que ocorreram no decorrer da existência de cada uma delas, e muitas dessas fazendas (até o momento presente) tem um acesso difícil por não terem se tornado públicas. Então, uma maneira de se conhecer essas fazendas passou a ser a partir da publicação”, afirma a historiadora. Ela conta que também tenta manter contato com algumas das fazendas para saber como andam as suas preservações.

Atualmente, há diversas fazendas remanescentes da época do café, as quais estão parcial ou totalmente preservadas. Algumas delas podem ser conhecidas e visitadas por meio de atividades eventuais em grupos agendados ou são locadas para eventos, como casamentos e outras reuniões sociais.

Conheça um pouco mais sobre algumas das fazendas históricas da época do café em Campinas:

Próxima ao Rio Atibaia, a Fazenda foi formada no século XIX para a produção de cana-de-açúcar e era composta por três edificações principais: o engenho, a senzala e a casa de morada. Esta tinha uma configuração espacial original em formato de “L” e estrutura em taipa de pilão.

Na metade do século XIX, porém, a configuração espacial da Atibaia foi reformulada para adequá-la à produção cafeeira. Sendo assim, a construção da senzala foi mantida e preservada; parte da estrutura do engenho foi modificada para acomodar a casa de máquinas e a tulha, construídas em pau a pique, e, ao lado do casarão, foram implantados os terreiros, os tanques de lavagem e as canaletas.

Neste período, a casa de morada foi ampliada com a construção, em pau a pique, de uma nova ala, à esquerda do edifício original. Assim, o prédio ganhou formato de “U”. A cobertura do telhado e a grande varanda (alpendre frontal), posteriormente construída, são elementos fundamentais para a unificação das duas alas – a original e a ampliada -, as quais possuem configurações espaciais internas semelhantes, como um espelho. A parte externa da casa é marcada pela simetria de elementos e por uma arquitetura simples, sem rebuscamento.

A Fazenda Atibaia está localizada na antiga estrada para Sousas. Remanescente da época do café, atualmente a propriedade funciona apenas para locação de festas, casamentos, eventos corporativos e culturais.

Uma curiosidade é que foram gravadas algumas minisséries na fazenda, a mais importante foi “Psi”, da HBO. Também ocorreu a gravação do filme “Malasartes e o duelo com a morte”, além de gravações de clipes musicais. Também foram feitos vários ensaios fotográficos para catálogos comerciais.

No local foi feito um detalhado restauro no casarão por 10 anos, coordenador pela arquiteta Ana Villanueva, e mantém-se a manutenção constante de todas as construções históricas no local. A proprietária Vanessa Schwarzenbeck diz que está em fase final a recuperação da área da Tulha. “Para mim a fazenda é uma obra de arte, portanto, assim é tratada e cuidada”, conta.

Serviço: Local: Fazenda Atibaia. Antiga Estrada Sousas – Pedreira, km 9.4. (19) 99162-4877 E-mail: [email protected]

Surgida em 1820, na atual região de Joaquim Egídio, a Fazenda das Cabras era destinada à criação de gado e à comercialização de muares (animais híbridos, como mulas e burros) vindos do sul. Quando a fazenda começou a produzir café, no final do século XIX, os pastos deram lugar às construções divididas por setores com funções distintas, sendo eles: o setor administrativo, formado pela casa de morada e suas dependências, a casa do administrador, a casa do contador e a dos trabalhadores da sede; e o setor industrial – ligado às atividade de trabalho e separado do resto da propriedade por um riacho-, correspondia à tulha, à casa de máquinas, ao lavador, aos terreiros, à roda d’água, ao estábulo e ao paiol.

A casa de morada foi construída em 1883 com taipa de pilão e pau a pique, técnica mista utilizada na região. Em formato de “L”, o prédio era dividido entre o setor íntimo e o setor de serviços; possuía fachada simétrica e alpendre (varanda característica da época).

Após a abolição da escravidão, um novo setor foi introduzido na propriedade, o setor de habitação para imigrantes, conhecido como colônia. Mas, devido à grande quantidade de estrangeiros recebidos pela fazenda e da sua localização ser distante dos núcleos fornecedores de alimentos, a Fazenda das Cabras passou a ter novas construções para armazém, farmácia, escola rural, barbeiro e hotel.

Conhecida como uma das fazendas com maior volume de produção cafeeira, hoje a Fazenda das Cabras mantém as instalações originais preservadas. Há 20 anos desenvolve um processo de reflorestamento, com plantio de árvores nativas da época da colonização.

Desde 2007, o espaço também é utilizado para locação de eventos, casamentos, reuniões corporativas e atividades escolares pré-agendadas.

Serviço: Local: Rodovia SP 081 – José Bonifácio Coutinho Nogueira, Km 14. Estrada das Cabras, Joaquim Egídio – Campinas Informações: escritório Joaquim Egídio: (19) 3308-3383 / escritório Fazenda das Cabras: (19) 3298-6713 / (19) 3515-7280 / (19) 99895-6650 E-mail: [email protected]

A Fazenda Guariroba, localizada em Joaquim Egídio, teve expressiva plantação e produção cafeeira a partir de meados do século XIX. Como todas as outras fazendas da época, mantinha o setor de serviços e o de morada separados; entretanto, a casa de morada era distante de todas as outras construções, inclusive da capela.

O casarão tinha formato retangulares e a fachada posterior, assim como a principal, possuíam alpendres. E o setor de serviços abrigava o terreiro, a tulha, a casa de máquinas, as canaletas, os lavatórios, além de uma máquina de beneficiar café.

O Campinas.com.br não conseguiu obter contato para verificar sobre as atividades atuais da fazenda.

Antes de ser grande produtora cafeeira, em meados do século XIX, a Fazenda Pau D’Alho tinha como suas atividades voltadas para o trabalho no engenho de açúcar, em 1788.

A casa de morada, marcada por fachada com alpendre e com duas escadas laterais para a entrada principal, foi reformada e ampliada, no final do século XIX, pelo arquiteto Ramos de Azevedo, que projetou o Teatro Municipal de São Paulo e a Catedral de Campinas.

Após a crise do café, a fazenda passou a produzir leite e criar gado holandês, tornando-se referência no mercado. Em 2004, a mostra de decoração Campinas Decor foi realizada na sede da fazenda e, a partir de então, a propriedade passou a ser utilizada para a locação de diversos eventos.

De acordo com o site Conheça Campinas, da Prefeitura, em 2010 iniciou-se um programa de visitas de escolas, com grupos de atores apresentando a história da fazenda, com aspectos da edificação e ecologia. A propriedade reúne cerca de sete mil metros de pátios, jardins, capela e antigas senzalas. Não conserva mobiliário de época, e se transformou em um local comercial de eventos diversos, pelos posteriores proprietários, até o ano de 2011.

O Campinas.com.br não conseguiu entrar em contato com a fazenda.

A Fazenda Roseira foi uma grande produtora de café na cidade de Campinas. No final do início do século XIX, a propriedade produziu 18 mil arrobas (cerca de 264 toneladas) de café; e, no início do século XX, possuía 285 mil pés da planta.

A casa de morada, característica da época, foi construída de pau a pique e com embasamento de alvenaria. O prédio possuía alpendre descoberto e sua entrada principal se dava por uma escadaria lateral.

A Fazenda Roseira deu origem a três bairros: o Jardim Roseira, a Vila Perseu Leite de Barros e o Jardim Ipaussurama.

Hoje, a antiga sede da propriedade abriga a Casa de Cultura Fazenda Roseira, gerida desde 2008 pela Comunidade Jongo Dito Ribeiro, que tem como objetivo incentivar o ensino e ações de resgate, preservação e disseminação do patrimônio, da memória e da cultura afro-brasileira, realizando diversas atividades e eventos.

Também é possível agendar uma visita ao local.

Serviço: Local: Casa de Cultura Fazenda Roseira. Rua Domingos Haddad, 01, Residencial Parque da Fazenda – Campinas Mais informações sobre visitas e eventos: comunidadejongoditoribeiro.wordpress.com / [email protected] / [email protected]

Após ser desmembrada da fazenda Guariroba, no final do século XIX, a Fazenda Santa Mônica, que era grande produtora de café, diversificou as culturas plantadas na propriedade, integrando grãos e cereais à sua produção.

A casa de morada, mais simples que a de outras fazendas da época, era assentada sobre embasamento de alvenaria de pedra, as paredes eram de alvenaria de tijolos e a cobertura foi feita com telha capa canal (feita de barro e com curvatura alternada para encaixe). A construção era térrea e tinha sua fachada marcada por pequeno alpendre.

De propriedade da família Schmidt, desde 1942, a fazenda está localizada na região do distrito de Joaquim Egídio e ainda é ativa no setor agrícola. Por 57 anos, os proprietários fizeram estudos sobre as árvores nativas e a vegetação local para entender as formas de cultivo e manejo adequadas para cada espécie, permitindo também que futuras plantações servissem para a produção de madeira. Em vista de todo esse trabalho, na ECO 92, a ONU entregou o prêmio “Global 500 Roll of Honour of the United Nations Environment Programme” ao casal Schmidt, reconhecendo a importância do trabalho para a proteção e melhoramento das condições do meio ambiente.

Atualmente, a Santa Mônica produz milho, gado de corte, além de mudas de árvores nativas para venda.

A fazenda histórica não é aberta para visitação.

No final do século XIX, a Fazenda São Joaquim foi uma das maiores produtoras de café da região, com mais de 188 mil pés da planta. Para dar conta da volumosa produção, a propriedade chegou a ter 300 escravos e, após a abolição da escravatura, em 1888, recebeu 42 famílias para o trabalho na lavoura. Mas, com a crise da cultura cafeeira no Brasil, a São Joaquim diversificou suas plantações, passando a produzir algodão.

O espaço da propriedade era setorizado por funções: o setor de beneficiamento do café, próximo ao riacho, com os terreiros, tanques de lavagem, caixa de passagem de água, casa de máquinas e tulha; e o setor de moradia, na parte mais elevada do terreno, que compreendia a casa de morada. Esta, em formato de “L” e com 700m², foi construída com taipa de pilão e, como os outros casarões da época, possuía sua fachada marcada por alpendre. Além destas construções, a fazenda também possuía a senzala, uma capela e, desde o início do século XX, salas que serviam de escola para os empregados.

Localizada na região do distrito de Joaquim Egídio, a antiga Fazenda São Joaquim foi dividida em lotes que posteriormente foram vendidos separadamente. Uma das propriedades remanescentes da antiga fazenda é a Pousada Quinta do Torto, localizada na Rod. José Bonifácio Coutinho Nogueira.

A Santa Maria foi uma das maiores fazendas cafeeiras de Campinas e, diferentemente das outras propriedades da época, tinha um estilo arquitetônico bastante particular. O casarão foi construído com uma fachada simétrica, sem ornamentação e em formato de “U”, dividindo a morada em três corpos retangulares: o central com o terraço; o braço esquerdo do “U”, que abrigava a área de serviço; e o direito, com os dormitórios e a capela.

Para a construção da casa, empregou-se taipa de pilão e pau a pique, técnica mista característica de locais com presença de mineiros. Dessa forma, a taipa de pilão foi utilizada para a estrutura do porão e o pau a pique, considerado uma estrutura mais leve, para toda a parte superior do casarão. Remanescente da época do café, a Santa Maria mantém as instalações do casarão totalmente preservadas e, desde 2003, tornou-se produtora de jabuticaba orgânica e de produtos derivados. O seu grande destaque se dá pela instalação da primeira agroindústria totalmente sustentável da Área de Proteção Ambiental de Campinas.

Antes da pandemia, a fazenda abria ao público uma vez por ano para o evento “Pague e Colha”, em que as pessoas podem colher e comer as jabuticabas do pé, além de terem a possibilidade de visitar as construções históricas do local.

A propriedade trabalha com eventos e com a produção de derivados da jabuticaba orgânica desde 2003. O grande destaque do espaço é a instalação da primeira agroindústria totalmente sustentável da Área de Proteção Ambiental de Campinas. Assim, a Santa Maria processa as jabuticabas orgânicas da sua própria produção, além de fornecer matéria-prima para restaurantes e para pesquisas realizadas pela Unicamp e pela Embrapa.

Serviço: Local: Rua Professora Lydia Abdalla, km 8,5 – Joaquim Egídio, Campinas

Conhecida como Fazenda Sete Quedas desde 1802, a propriedade teve expressiva produção cafeeira na região, chegando a ter, em 1873, 90 mil pés de café. O grande latifúndio possuía uma casa de morada majestosa, a qual era um sobrado setorizado em três áreas: social, íntima e de serviços. O edifício foi construído com embasamento de taipa de pilão e assentado sobre uma estrutura de pau a pique (técnica mista de construção), e tinha formato de “L”, configuração tradicional da época.

Em frente a casa, foram instalados os terreiros e construídos lavadores e tanques, além do edifício da tulha, da casa de máquinas e da senzala, mais afastados. Em meados do século XIX, devido às grandes demandas pela produção de café, foi feita uma reforma e uma ampliação dos terreiros. E, em 1905, foi a vez da casa de morada passar por modificações, sendo elas: a construção de alpendre frontal e de seis colunas de ferro para sustentá-lo. Assim, o acesso à casa pelo andar térreo foi fechado e a entrada principal passou a ser pela escada do alpendre.

Após o fim da escravidão, o edifício da senzala foi destruído e a fazenda recebeu muitos imigrantes, a maior parte deles alemães. Para isso, foram construídas as colônias – casas para a acomodação dos trabalhadores estrangeiros.

Desde a fundação da fazenda, a propriedade passou por diferentes famílias, mas o proprietário mais notável foi o Visconde de Indaiatuba, em meados do XIX. Atualmente, o espaço da Sete Quedas, nos limites da cidade de Campinas, pertence ao Bradesco e a antiga casa de morada é a sede do condomínio Swiss Park, e o Casarão é a sede administrativa da Swiss Park Incorporadora, portanto, apenas colaboradores, clientes, prestadores de serviços ou parceiros podem visitar a sede da Fazenda.

No complexo do atual condomínio é possível visitar e fotografar outros pontos gratuitamente, como o Parque Botânico, o Relógio do Swiss Park ou o Moinho de Vento. Também há a Capela Santo Antônio, com decoração simples e aconchegante, que acompanha o estilo da sede da Fazenda Sete Quedas. Não tão antiga quanto o Casarão, a Capela atualmente é ministrada pela Paróquia São João XXIII e celebra eventos especiais, como casamentos e batizados, reforçando a vocação do santo homenageado. Saiba mais sobre a história do local.

Localizada próxima ao Rio Atibaia, no distrito de Joaquim Egídio, a Fazenda Soledade passou por vários donos até o mais famoso, o francês Hercule Florence _ considerado o inventor da fotografia, em Campinas, antes de Joseph Niépce e Louis Daguerre_, tomar posse das terras, em 1849, como herança deixada pelo pai de sua esposa, Maria Angélica Florence. Nesta época, a propriedade contava com 23 escravos, duas pequenas casas cobertas por palha, dois monjolos e cerca de 400 pés de café; além de alguns animais para pastoreio.

Após seis anos se dedicando como fazendeiro, em 1855, Florence fundou uma colônia com imigrantes suíços, que trabalhavam nas lavouras de café e tinham suas próprias plantações e animais para sua subsistência, além de receberem os lucros pelo trabalho no cafezal. Conhecido na época como sistema de parceria, este se mostrou bastante rentável para ambas as partes e fez com que a Soledade fosse conhecida como bastante produtiva e bem administrada.

De forma geral, a fazenda era moderna para sua época, devido às inovações de Hercule Florence, que introduziu o uso do ancinho nas plantações – o que auxiliava o processo de plantio e colheita do café. E, para a comercialização do produto, o proprietário também inovou ao torrá-lo, empacotá-lo em papel especial e etiquetado.

Após seis anos da morte de Florence, a fazenda de 40 alqueires, 36 mil pés de cafés e 18 escravos foi vendida e deixou de ser da família Florence. Atualmente, as terras correspondentes à Soledade são conhecidas como Fazenda Sant’Ana do Lapa.

A fazenda não está aberta à visitação.

Fundada em 1798 como Fazenda Ponte Alta, a propriedade possuía grande plantação de cana-de-açúcar e, portanto, tinha o engenho como principal atividade. No mesmo ano, a fazenda foi apontada como principal produtora de açúcar, com a produção anual de 1550 arrobas (aproximadamente, 19 toneladas), e, em 1818, era responsável por 4% de toda a produção de açúcar da região de Campinas.

Em meados do século XIX, a Ponte Alta deixou de ser monocultora e passou a cultivar e produzir café, tornando-se, em 1886, a maior produtora de café de Campinas e responsável por 12,12% da produção cafeeira de toda a Província de São Paulo, atingindo 1.500.000 arrobas (aproximadamente 18 mil toneladas) de café.

Em 1927, as terras da fazenda foram compradas pela família japonesa Iwasaki, fundadora do Grupo Mitsubishi, mudando o nome da propriedade para Fazenda Monte D’este, a atual Tozan, em que “To” significa leste e “Zan” significa monte, em japonês. Os novos proprietários diversificaram a produção, cultivando algodão e cereais, além do próprio café. Eles também aumentaram a área destinada ao gado de corte, adotaram a prática de reflorestamento e introduziram pesquisas e experiências com cítricos.

Com a produção diversificada, a fazenda não sofreu tanto com a quebra da bolsa de Nova York, em 1929, e com a crise do café. Na verdade, o período mais difícil foi durante a Segunda Guerra Mundial, em que a propriedade foi confiscada pelo governo brasileiro e ocupada pelo exército, uma vez que, por pertencer a japoneses, simbolizava uma ameaça à nação. Durante o período, as terras ficaram abandonadas e sem cultivo algum, assim , após o fim da Guerra e com a volta dos japoneses à propriedade, parte da fazenda foi vendida para amenizar as dificuldades financeiras da Tozan. A partir de então, a propriedade passou a ter plantações de arroz, feijão e milho, além do tradicional café, e da criação gado.

Atualmente, a Fazenda Tozan ainda é uma grande produtora de café e mantém preservadas as estruturas coloniais – como a casa de morada, a senzala e a casa dos colonos-, as quais podem ser visitadas pelo público. O local oferece roteiro culturais com a opção de ter acompanhado um piquenique ou pôr-do-sol. Antes da pandemia, os visitantes podiam conhecer o museu localizado dentro da propriedade e todo o processo produtivo do café. O museu continua fechado por conta da pandemia. Os roteiros culturais continuam, porém com limite de 20 pessoas. No local, também funciona a única fábrica de saquê da América do Sul, a Saquê Tozan.

Serviço: Local: Fazenda Tozan. Rod. Gov. Dr. Adhemar Pereira de Barros, 121, Parque Rural Fazenda Santa Cândida – Campinas. (19) 3257-1236 A visita só é possível com reservas antecipadas Mais informações e programação: www.fazendatozan.com.br

Foto no alto: Fazenda das Cabras

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