Casa que dava medo de mostrar é reformada e sem gastar uma fortuna - Arquitetura - Campo Grande News

2022-10-15 04:44:22 By : Ms. Debby Qin

Arquiteto viu potencial em imóvel detonado, comprou e casa foi reformada; aqui ele explica as vantagens

Há uma espécie de ‘senso comum’ entre pessoas que acreditam que comprar uma casa para ser reformada não tem vantagem. Em alguns casos, isso até pode ser verdade. Mas nada é impossível para o olhar atento de um arquiteto.

Em Campo Grande, no Bairro Monte Castelo, uma residência de 142,24m² que estava totalmente detonada teve seu potencial reconhecido pelo arquiteto Rennan Rojas, que segue a premissa de que chique é uma casa com a sua personalidade.

Foi assim que ele viu o potencial numa residência não era reformada há anos. “Algo que se destacava das outras casas que havia visitado na época. Casas em melhores condições inclusive. Este terreno ainda possuía um bom tamanho e espaço para área verde, ampliações e ainda uma árvore linda na frente”, lembra o arquiteto sobre a compra do imóvel.

Quando adquiriu a casa, ela estava muito deteriorada e velha, não havia portão e boa parte dos muros não haviam sido construídos. No local também funcionava uma espécie de oficina e ferro velho, o que deixava o imóvel ainda mais feio.

“Era uma casa que o próprio corretor que nos atendeu parecia ter medo de oferecer. Eu me lembro bem, tive que insistir muito para ver essa casa. A reforma precisaria ser geral, até aí nenhuma dificuldade para o olhar atento de um arquiteto. Elaborei o projeto, algumas demolições e ampliações para adequar os espaços a uma configuração e layout mais contemporâneos”, diz.

O corpo principal da casa estava bom, então Rennan decidiu reforçar a estrutura com uma cinta de concreto e reaproveitar o madeiramento original do telhado. O telhado foi elevado cerca de 30 cm e as antigas telhas foram substituídas por novas.

Varandas foram ampliadas para dar lugar a garagens e áreas de estar e churrasco. Os níveis e patamares da casa foram desenhados para funcionar de acordo com os ambientes sem que fosse necessário aterro ou corte no terreno.

Harmonia entre o velho e o novo 

Rennan precisou fazer um projeto para que o antigo convivesse harmonicamente com uma roupagem mais moderna na casa. “Sabe quando você usa uma roupa com um tamanho diferente do seu? Fica estranho não fica? Pois é, com a casa é a mesma coisa, mas a gente demora para perceber por que não fomos ensinados a identificar falhas nos ambientes. E não duvide, essas falhas afetam muito nosso corpo e nossa mente ao longo dos anos”, explica o arquiteto.

Por isso, a remodelação desta casa levou em consideração tudo isso e o investimento disponível. “Eu precisava controlar os custos para viabilizar todos os principais reparos. A abordagem seguiu a estética do rústico. Muitos materiais ficaram a mostra, paredes descascadas trouxeram o tijolo original a para fora e que agora fazem parte da composição da atmosfera da obra. Na fachada levantei uma platibanda para marcar um volume quadrado existente e contrastar com o vazio da garagem ampliada”, diz.

Na parte dos fundos, o arquiteto manteve o telhado aparente para criar um contexto de casa de vó com uma pegada rústica que tende para as antigas do casas do interior onde a comida era farta e o café com bolo estava sempre à mão.

Outro ponto importante foi o muro frontal. “Com parte do antigo muro existente eu fiz uma floreira. O novo muro em blocos de concreto foi recuado para dentro do terreno e executado um pouco mais alto. O portão de elevação também foi recuado para dentro. Essas ações criaram mais movimento para esta área e puderam compor com a fachada além deixar a vista de quem passa pela rua, muito mais agradável”, detalha.

Um bloco de concreto estrutural se repete na fachada, no muro e um dos quartos para criar uma espécie de shaft, que nada mais é que uma estrutura vertical na alvenaria por onde passam as instalações essenciais em qualquer construção, isto é, tubulações hidráulicas e elétricas. E eles também marcam visualmente a divisão da cozinha para a sala com um estilo rústico industrial.

O antigo piso da casa era feito de cimento queimado vermelho, aqueles super antigos que precisavam de cera e escovão. Ele já estava muito ruim, cheio de trincas e ondulações, então foi preciso tirar tudo. Com isso, Rennan refez o contrapiso e instalou uma cerâmica que trouxesse a impressão de que “sempre foi desse jeito”. A cor escura do piso foi intencional já que a casa é toda branca eu precisava marcar essa área horizontalmente.

Dessa forma, agora a casa tem ambientes mais jovem e é muito mais conectada com as áreas externas sem deixar a privacidade de lado. “Através das novas aberturas consegui fazer com que a iluminação natural invadisse todos os espaços e possibilitei o vento de circular atreves dos ambientes deixando a casa mais saudável e fresquinha. É gostoso estar a varanda olhando o gramado. O fato de os fundos do terreno estar elevado em relação a rua faz com que a gente se sinta mais livre e com uma visão melhor da cidade”.

Rennan é enfático ao dizer que sim, vale muito a pena. “Eu adoro ver a capacidade de transformação que as coisas possuem e para além disso, reformar é um ato de cidadania! É sustentável!”, pontua

O arquiteto destaca alguns índices da construção aliada a boa prática. “Conseguíramos chegar a um valor próximo de R$ 2600,00 a R$ 3000,00 por metro quadro para uma casa desse padrão, considerado normal. Isso como valor final, o valor com a casa pronta. Em uma reforma, geralmente, economizamos cerca de 30% do valor que investiríamos em uma casa nova. Esse fato eu pude comprovar durante o processo de reforma nessa casa. É claro que esses valores podem variar de acordo com projeto e produto que se deseja alcançar”.

Não tenha medo de reformas 

Rennan adora reformas, talvez por isso tenha desenvolvido um olhar mais apurado para identificar potencialidades onde a maioria das pessoas não enxerga. “É treino e vale muito a pena investir tempo e recursos neste tipo de abordagem. Mas não se engane! Geralmente as pessoas se frustram por não se programar, por não fazer um bom projeto e por não investir em orientação profissional. Uma reforma não pode ser uma aventura, ela precisa ser calculada, estudada e nós precisamos encarar os custos de frente e estar preparados para ele”, finaliza.

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