Höganäs investe em inovação na metalurgia do pó

2022-09-17 00:11:07 By : Ms. Sherry Chen

Empresa fundada em 1797, na Suécia, está em Mogi das Cruzes desde 1999 e produz 42 mil toneladas de pós metálicos por ano

Adriano Machado, diretor-presidente para a América Latina da Höganäs, destaca o mercado da metalurgia do pó (Eisner Soares)

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Empresa fundada em 1797, na Suécia, está em Mogi das Cruzes desde 1999 e produz 42 mil toneladas de pós metálicos por ano

Adriano Machado, diretor-presidente para a América Latina da Höganäs, destaca o mercado da metalurgia do pó (Eisner Soares)

Com clientes em 75 países, produção anual de 42 mil toneladas de pós metálicos e perspectiva de crescimento de 8% este ano, a unidade de Mogi das Cruzes da Höganäs, criada em 1999, é pautada pelo desenvolvimento sustentável, seguindo os passos da matriz, fundada em 1797, na Suécia. A fábrica mogiana representa 3% a 4% da produção mundial da Höganäs, presente em outros oito países, e no ano passado, conquistou o status de operação industrial mais segura do mundo no grupo. Na entrevista a seguir, o diretor-presidente para a América Latina, Adriano Machado, fala de investimentos e planos:

Quais os diferenciais da empresa?

A Höganäs é a única fabricante de pós-metálicos com capacidade de fabricação, desenvolvimento e comercialização na América do Sul. Temos atraído gente do setor de engenharia de materiais e processos de metalurgia interessada por este nicho da metalurgia do pó, no qual somos especialistas. Esta é uma peculiaridade e diferencial da empresa, que fará 225 anos de fundação em 2022. Estamos em Mogi desde 1999 e, até pela maneira nórdica de conduzir os negócios, a Höganäs é pautada por desenvolvimentos sustentáveis de visão de longuíssimo prazo.

Como é o mercado da metalurgia do pó?

Representa 1% do metal movimentado no mundo, uma área de muita tecnologia no ramo de metalurgia e considerada sustentável ambientalmente, porque partimos da sucata, como principal matéria-prima e nossos produtos são sempre direcionados através de processos mais eficientes do que aqueles que substituem. Quando se fabrica um componente para máquina de lavar ou automóvel, com a metalurgia do pó, há aproveitamento entre 97% e 99% da matéria-prima. Uma tecnologia alternativa seria uma peça forjada ou usinada, com aproveitamento de 60% a 70% e maior desperdício de matéria-prima.

A tecnologia na metalurgia do pó é tida como um ramo de aplicação intrinsecamente mais sustentável e tem se destacado. É possível fabricar obras por impressão 3D com pós metálicos, com grande liberdade de criação das ligas, que vão desde fazer próteses dentárias ou para substituir partes ósseas do corpo humano, feitas de maneira customizada, até componentes maiores, que são quase sempre customizados, mas ganha-se em escala.

Quais as dificuldades do mercado atual?

Além das dificuldades comuns da crise sanitária, a velocidade das mudanças tem feito com que a gente precise estar mais conectado. Neste processo, encontramos a razão desta sinergia da AGFE, que tem, entre outros, o objetivo de ampliar a colaboração, não apenas entre as empresas, mas também entre o poder público, na busca de soluções de formação de mão de obra que nos permitam ter mais competitividade, não só para abordar o mercado local, mas também externo.

Existe dificuldade na contratação de funcionários?

Há demanda por profissionais de competência orientada para engenharia de materiais e conhecimentos de tecnologia, que buscamos fora de Mogi. Este é um dos pontos em comum com os demais membros da AGFE. Sete de cada 10 pessoas da nossa liderança são de fora da cidade.

Para quem a empresa exporta?

Cerca de 30% dos negócios são conectados com o mercado de exportação e precisamos ter certeza que esta condição de competitividade será mantida. Os altos fretes internacionais prejudicaram todo mundo, mas a burocracia do Brasil coloca sobrepeso nesta condição e tenho dificuldade de exportar a mesma parcela que exportamos no ano passado e retrasado. Acabamos perdendo negócios para concorrentes da América do Norte e Europa. A Höganäs de Mogi cuida da América do Sul e exporta, principalmente, para Colômbia, Chile, Peru, Argentina e México, mas também para empresas do grupo na Índia e Estados Unidos.

Estimamos que 45% dos negócios de 2030 não existem ainda. Temos demanda e desafios por criar aplicações para os pós metálicos, por isso, a importância de atrair talentos interessados em atuar em áreas relacionadas à engenharia de materiais e desenvolvimento de novas soluções utilizando as vantagens da metalurgia do pó. Acabamos de submeter a aciaria a uma modernização e temos planos de continuar a fazer investimentos para colocar a Höganäs, na América do Sul, em condições de fornecer produtos de alto desempenho ao mundo.

Qual o volume de produção?

Fabricamos em Mogi, cerca de 42 mil toneladas de pós metálicos por ano, o que representa, dentro do que o grupo fabrica mundialmente, algo próximo a 8% do volume de produção. Mas tem havido uma migração de quantidade para valor agregado, então temos produzido e comercializado cada vez mais produtos de alta tecnologia, em quantidade menor e com maior valor agregado. Quando fornecemos pó metálico para prótese de titânio ou em aço inoxidável, estamos produzindo um material que precisa ser biocompatível e que tenha grau de pureza muito maior do que o pó de ferro convencional para solda de elementos metálicos. Ele tem sua especialidade e características regidas pelo cliente, mas é um produto que pode ser fabricado com sucata ferrosa, ao passo que o biocompatível precisa ser feito de metais elementares, com grau de pureza maior e requisitos com custo e preço muito mais altos.

A projeção de crescimento para este ano está em torno de 8% e tivemos em 2021, o melhor ano da nossa história de Brasil. Não foi apenas um ano de recuperação, mas efetivamente um ano em que acabamos de consolidar a reestruturação importante feita em 2020. Então, a consolidação de um movimento de reestruturação em 2020, nos trouxe em 2021 o melhor resultado da nossa história. Estamos projetando crescimento de 8% em 2022 e temos elementos de desenvolvimento de negócios e de novas aplicações para projetar 2023 da mesma maneira. A nossa ambição é, em 2030, ser mais do que o dobro de hoje, em matéria de tamanho. A organização está crescendo bastante, não apenas em quantidade e volume, mas também em tecnologia. Estamos buscando não apenas pessoas competentes e engajadas para conduzir este processo conosco, mas também empresas que estejam nesta mesma condição e dispostas a estabelecer colaboração conosco, no espírito de crescer juntos e dividir esforços nesta transformação que tem sido cada vez mais dinâmica.

Há investimentos na capacitação dos funcionários?

Temos dificuldade em buscar profissionais com as competências para determinadas posições. Como a empresa tem 30% dos negócios voltados ao mercado externo, um trabalho voltado ao desenvolvimento de tecnologia e a cooperação com outras empresas do grupo, fora do Brasil, o inglês é pré-requisito indispensável. Então, subsidiamos treinamento em inglês para mais da metade dos funcionários, independentemente de nível hierárquico ou posição, inclusive, temos muitos que são da operação fabril. O retorno vem a médio e longo prazo. Há 10 anos, do efetivo de 180 a 200 pessoas, menos de 5% falavam inglês. Hoje, no mesmo número de pessoas, temos pelo menos 40% falando inglês. Mas existe a demanda por mais pessoas fluentes em línguas, continuamos investindo nisso e temos dificuldade de contratar especialistas com fluência em inglês. A preferência é contratar pessoas da região, mas existe dificuldades não só na formação, como também na habilidade com determinadas competências, como o inglês.

Como a empresa cria demanda pela metalurgia do pó?

Nosso negócio é criar demanda para os pós metálicos. O grupo de engenharia de desenvolvimento se especializa em entender a dor do cliente para criar meios para que consumam nossos pós metálicos. Para criar demanda para nossos produtos, nos especializamos no processo e isso acaba sendo interessante para quem se junta ao nosso grupo, já que eles precisam conhecer muitos processos fabris diferentes, desde aqueles que se propõem a criar engrenagem com pós metálicos até quem pretende purificar água potável ou limpar um efluente de metal pesado, que é uma característica que se consegue alcançar utilizando a tecnologia que desenvolvemos para fabricação de um pó metálico com uma superfície específica muito grande. Mas não adianta ter o produto sem um processo comercialmente viável em larga escala, então, nossos engenheiros se dedicam a desenvolver um processo que torne os produtos economicamente viável para processos de grandes escalas. Chegamos a fazer iniciativas com o Semae (Serviço Municipal de Águas e Esgotos), em Mogi, tivemos protótipos bem sucedidos, mas acabamos não avançando por uma decisão deles de concorrência pública, porque não havia mais concorrentes para o nosso processo.

Qual a importância da AGFE?

A valorização da indústria da região de Mogi com objetivo de dar visibilidade às pessoas com competência e ambição para contribuir com um futuro melhor às pessoas sem que elas precisem deixar a cidade. Temos muita coisa boa sendo criada em Mogi e a indústria é um exemplo disso. Precisamos de pessoas competentes, com alto grau de energia e motivação para construir novas possibilidades através da tecnologia do pó. Nossa ambição em cooperar com a AGFE é fazer parte deste processo de motivar talentos de Mogi e Alto Tietê a contribuir com esta empreitada.

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