São Paulo vê alta de furtos de cabos de semáforos e tampas de bueiros - São Paulo - Estadão

2021-11-04 10:00:50 By : Mr. ying qiang

Bueiros tampados com madeiras improvisadas se repetem quase a cada quarteirão pela região do Pátio do Colégio, Santa Ifigênia e das Praças da Sé e da República, assim como nas ruas que como atravessam. Em outros casos, o cimento que cola as tampas no chão ainda está mais claro que o dos vizinhos, sinal de que foi recentemente trocado.

A manutenção por vezes insuficiente e os outros itens de infraestrutura são evidentes no centro de São Paulo e em outras regiões da cidade. O principal motivo atribuído pelos gestores públicos e empresas do setor são os furtos, como os que escolheram as duas escolas municipais sem energia durante quase uma semana em outubro.

Uma pessoa é perseguida por hora em São Paulo

“Dessa vez até as notas de proteção foram levadas e todas as fiações que, com muito custo, havíamos substituídas”, lamentou a direção da EMEF José Hermínio Rodrigues, no Jardim Elisa Maria, zona norte, em rede social. Por lá, ocorreram ao menos dois furtos de itens a fazer de energia em menos de duas semanas, sendo que o serviço levou ao menos seis dias após o primeiro caso para ser restabelecido, inviabilizando a realização de aulas presenciais.

Um levantamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) aponta, por exemplo, um crescimento de 11,5% sem volume de furtos e casos identificados como “vandalismo” da rede semafórica. A taxa é referente ao período de janeiro a setembro deste ano em comparação ao mesmo período de 2020, o que representa 14 semáforos danificados por dia.

Entre os locais mais visados, segundo a companhia, estão os trechos das Avenidas São Miguel, na zona leste, do Estado, no centro, e Dona Belmira Marin, na zona sul, dentre outros. Para conter os furtos de drivers semafóricos, uma companhia diz que tem feito o alteamento dos itens e a concretagem e a soldagem das tampas das caixas de passagem da fiação.

Algumas medidas já iniciadas em outras gestões também estão sendo retomadas pela Prefeitura de São Paulo para conter os furtos, como a adoção de materiais não metálicos. Há um novo projeto piloto em parte das subprefeituras com grelhas de polietileno, por exemplo. Segundo o Município, "algumas unidades" foram instaladas em locais de maior movimentação nas regiões das subprefeituras do Ipiranga, Itaim Paulista, Jabaquara, Freguesia do Ó / Brasilândia e Sé, um fim de avaliar a durabilidade do material e impacto nos furtos. "Caso seja aprovado pelos técnicos, o produto poderá ser licitado como alternativa mais barata ao ferro utilizado usualmente", apontou.

Além disso, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) promulgou uma lei no mês passado que prevê a fiscalização de ferros-velhos e outros comércios de sucata com o acompanhamento da Guarda Civil. O texto também prevê uma criança futura para uma aplicação de sanções, de multas a cassação de alvará de funcionamento.

O proponente do projeto que deu origem à lei, o vereador Delegado Palumbo (MDB) considera que a fiscalização pode enfraquecer o comércio irregular. “Se o combate aos receptores, automaticamente integrados o número de furtos e roubos”, comenta. “Se não tem pra quem vender uma tampa de bueiro, uma lápide de cemitério, o fio de cobre, vai diminuir o furto.”

Alguns dos materiais adequados são valorizados no mercado. O cobre praticamente dobrou de preço em dois anos nas tabelas de ferros-velhos e compradores de sucata em São Paulo, por exemplo, chegando a valores entre R $ 30 e R $ 40, o quilo. Para comparação, o preço do alumínio nos mesmos lugares tem girado em torno de R $ 8, sendo que é necessário juntar algumas dezenas de latas para alcançar um quilo.

Procurada, Secretaria de Segurança Pública (SSP) diz ter intensificado como “procedimento de combate” e fiscalização de comércios de cabos e fios elétricos, sem citar qual seria o aumento de fato. “Somente neste ano, mais de 32 toneladas de metais entre cobre e alumínio foram apreendidas e devolvidas às concessionárias e prestadoras de serviços públicos no Estado. Até o momento, 41 criminosos encarregados desses crimes foram presos pela polícias paulistas ”, destacou, sem dar detalhes.

No caso do transporte por trilhos, a CPTM decidiu publicar um chamamento público de propostas para reduzir os casos. Somente neste ano, foram 142 ocorrências (número que engloba também na Grande São Paulo), superando como 113 de todo 2020 e como 103 do ano anterior.

Embora tenha enfrentado lentidão em duas linhas no mês passado pelo o que atribuiu ao furto de cabos, o Metrô diz que as ocorrências do tipo caíram neste ano, totalizando 28 até o momento. Em 2020, foram 72, número que foi de 55 em 2019.

Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos destacou que investe em segurança, com rondas, drones e câmeras de monitoramento. “Os trechos mais sensíveis à furto de materiais são aqueles de maior exposição, em função de características geográficas de cada local”, justificou.

Trabalhadores que frequentam o centro de São Paulo narram o mesmo padrão de descaso: os furtos alguns meses e, sem o reparo garantido pela Prefeitura, comerciantes e moradores tapam os buracos com pedras e pedaços de madeira para evitar que alguém caia ou se machuque.

Na esquina do Largo do Paissandú com a Rua do Boticário, uma cadeira de plástico foi posicionada em volta de um bueiro tampado com dois pedaços de madeira. Foi o jeito que Sebastião Ferreira da Silva encontrou para prevenir acidentes tanto com os pedestres quanto entre os clientes do seu salão, que fica em frente ao buraco, feito há dois meses.

“Isso aí é um perigo! O meu medo é que aí fica como caixas de luz e alguém pode se eletrocutar passando aí, principalmente quando chove ”, reclama Tião, que dos seus 45 anos trabalha naquele ponto há 20.“ Se eu pudesse, já teria cimentado por conta própria. ”

Ele conta que já precisou trocar duas vezes a madeira cobrindo o buraco, que vai se corroendo com o passar do tempo e as chuvas atípicas deste outubro. Na calçada do outro lado da rua, outro bueiro está na mesma situação, coberto precariamente pelos comerciantes do entorno.

“Infelizmente, não posso fazer nada, porque se eu cimentar pode ser que precisem mexer na caixa de luz caso haja algum apagão e aí fica difícil. Teve um outro bueiro aqui perto que colocaram cimento em volta da tampa e já trataram de quebrar em volta pra roubar ”, conta. Comerciantes e casais associados região contaram à reportagem já terem visto alguns “carroceiros” carregando como placas durante a noite.

Ao longo da Avenida Angélica, uma reportagem encontrou ao menos sete desses bueiros com tampas improvisadas, fosse por madeira, sacos plásticos e até mesmo um em que o processo de remoção parece ter sido largado pela metade. Moradores e trabalhadores da região contam que eles se transformam mais ocorridos ao longo dos três meses, mas que o começo da “tendência” veio junto com o início da pandemia.

“Eles estão roubando tudo! Tudo, o fio, a tampa… Não tão deixando nada ”, reclama uma senhora saindo da churrascaria. A babá Eliete Pereira, de 57 anos, passava empurrando um carrinho de bebê próximo ao Parque Buenos Aires e contou que os jovens têm crescido, assim como os roubos de celular na região. “Uma amiga quase caiu com o carrinho essa semana. E esses buracos estão aparecendo na cidade inteira, não é só aqui. Por que a Prefeitura não toma uma providência? ”, Questiona.

Não é difícil ver alguns pedestres menos atentos trombarem com o emaranhado de madeiras na calçada. Na esquina da rua Jaguaribe, onde um desses buracos fica em frente a um posto de vacinação contra a covid-19, um homem falava no celular e, sem ver o bueiro, tropeçou no entulho. Se não tivesse recuperado o equilíbrio, teria caído no meio do cruzamento por onde os carros passavam.

Além das tampas de ferro, outro item cujo furto é recorrente são os fios de cobre, o que causa a instabilidade de alguns semáforos na avenida Angélica, principalmente próximo à região central. No cruzamento com a avenida Barros, um quarteirão da praça Marechal Deodoro, dois bueiros estavam tampados com madeira, um em cada lado do passeio.

“Isso é bem recente, diria que começou junto com uma pandemia. O pior é que nos últimos meses já houve dois acidentes graves aqui nessa esquina. Um táxi capotou e o outro veículo, que tinha uma criança no banco de trás, quase colidiu com a árvore ”, conta Wilson Ortega, de 61 anos, que desde 1985 tem uma banca de jornal naquele cruzamento. “No meu tempo, quando o sinal dava defeito não demorava nem dez minutos para ter um guardinha orientando o trânsito”, reclama.

Ao Estadão, a Coordenadoria de Gestão da Rede Municipal de Iluminação Pública (Ilume) informou que teve 148 quilômetros de fios eletrônicos furtados de janeiro a setembro deste ano. O volume que vem aos poucos, tendo sido de 211 milhas no ano passado e de 290 e 299 nos dois anteriores. Um dos motivos é a adoção de cabos bimetálicos, que misturam em alumínio e cobre e dificultam a obtenção do segundo.

A Secretaria Municipal das Subprefeituras apontou ter feito 27,3 mil trocas de tampas de poços de visitas de galerias pluviais e bocas de lobo de janeiro a setembro deste ano, enquanto o número foi de 34,3 mil em todo 2020 e 32,2 mil nenhum ano anterior. Segundo o órgão, o furto é uma das motivações para as trocas.

A situação também afeta o setor de saneamento básico. Segundo a Sabesp, 995 tampões de poços de acesso à rede de esgoto, tiveram de ser repostos na região metropolitana paulistana de janeiro a setembro. Em nota, uma companhia destacou que o número representa 0,2% do total dos 624,8 mil poços de visita na área e disse atuar em melhorias para dificultar os furtos, mas não citou exemplos.

Ainda de acordo com a Sabesp, 3,2 mil hidrômetros tiveram de ser repostos no mesmo período na região. Ela destacou que a substituição é feita sem custo se o cliente apresentar o boletim de ocorrência de furto. “No caso dos hidrômetros, a recomendação é a utilização da Unidade de Medição de Água (caixa) que dificulta o acesso ao medidor e, consequentemente, os furtos”, ressaltou.

Já a Enel apontou que teve um aumento de 128% nos furtos de caso da rede subterrânea, totalizando 238 ocorrências e 20 quilômetros de material, de janeiro a setembro deste ano. “Na rede aérea de alta tensão, o maior problema são os roubos de peças de ferragens de torres de transmissão, que além de comprometer seriamente a estabilidade da estrutura, em alguns casos impactam no tempo para o restabelecimento do necessário em ocorrências”, completou.

Segundo a empresa, a principal ação de tomada para conter os furtos é a instalação de sensores e sistemas de comunicação para monitoramento remoto e travamento. “A companhia está desenvolvendo soluções com materiais alternativos ao ferro como, concreto pré-moldado e material polimérico”, informou.

O Estadão também considera as principais empresas do setor de telecomunicações e conectividade, que se manifestam por meio da associação nacional Conexis Brasil Digital. Segundo a organização, os furtos de cabos de telefonia e outros serviços relacionados aumentaram 14,5% no primeiro semestre deste ano em todo o País em relação ao mesmo período de 2020.

São Paulo é o Estado em que as empresas mais enfrentam problemas com furtos de cabos e outros itens. Ainda segundo a Conexis, o território paulista representa 1,1 milhão do total de 4,6 milhões de metros furtados em 2020 no País. “Em 2020, 6.679 milhões de clientes em todo o Brasil têm seus serviços interrompidos pelo roubo ou furto de cabos das redes de telecomunicações”, ressaltou a organização em nota.

- Av. São Miguel x R. Taiuvinha 

- Av. dos Metalúrgicos Nº 1.797  

- Av. Sen. Teotônio Vilela x Retorno R. Luiz Supertti  

- Av. Calim Eid x R. Jarauara - Es. do Imperador nº 1.900  

- R. Sapopemba x Av. Salvador Jorge Velho  

- Av. Celso Garcia x R. Simas Pimenta  

- Av. Mal. Tito x Pç. Lions Clube Itaim Paulista  

- Av. do Estado x R. dos Patriotas  

- Av. Jacu-Pêssego / Nova Trabalhadores x Av. Ragueb Chohfi  

- Av. Dona Belmira Marin x R. Antônio José Escudeiro  

- Av. José Pinheiros Borges x R. Modelo

CPTM: telefone 0800 055 0121 ou WhatsApp (11 99767-7030)

Enel: aplicativo Enel SP, WhatsApp Elena (21 99601-9608) e Call Center (0800 72 72 120)

Metrô: SMS (11 97333 2252) e aplicativo Metrô Conecta

Polícia: no site delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br

Encontrou algum erro? Entre em contato

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.

O Estadão deixou de dar suporte ao Internet Explorer 9 ou anterior. Clique aqui e saiba mais.