Vedação e isolamento de granjas de frangos de corte – O Presente Rural

2022-07-22 20:22:34 By : Ms. JoJo XU

As aves comerciais de hoje têm em sua genética um potencial de ganho de peso, conversão alimentar cada vez mais eficiente e uma capacidade alta para transformar alimento em rendimento de carne

Artigo de: José Luís Januário é médico veterinário e especialista em Frango de Corte e Ambiência da Cobb-Vantress na América do Sul.

Os temas ventilação e ambiência de aviários de reprodutoras e de frangos de corte são discutidos e de compreensão de todos que trabalham na produção animal há algumas décadas. As aves precisavam de ambiência para demonstrar o máximo potencial. O melhor exemplo é o que a galinha faz na natureza com seus pintos, colocando-os debaixo dela para manter o conforto.

As aves comerciais de hoje têm em sua genética um potencial de ganho de peso, conversão alimentar cada vez mais eficiente e uma capacidade alta para transformar alimento em rendimento de carne. Mas, para expressar estas características de maneira cada vez mais eficiente, elas requerem viver em um ambiente com o maior conforto possível, desde a incubação dos ovos até o frango na espera para o processo do abate nos frigoríficos.

A avicultura americana, modelo que escolhemos e copiamos no Brasil e na América do Sul, produziu tecnologia de construção de equipamentos para aquela realidade do hemisfério Norte, onde as temperaturas são bem definidas. Embora as estações do ano se misturem no Brasil, com diferenças é claro pelo imenso território, convivemos com invernos e umidade relativa do ar alta no Sul, como também frio de menor intensidade e mais seco no Sudeste, por exemplo. E as aves alojadas, seja no verão ou inverno, não devem sofrer com as mudanças de temperatura que ocorrem do lado de fora dos aviários. Elas devem ficar dentro da zona de conforto ideal para cada idade.

Modelo usado nos Estados Unidos faz uma vedação considerada excelente, seja abaixo do telhado, ou acima do forro, com valor R20 de isolamento de telhado.

Nos Estados Unidos os produtores usam madeira de reflorestamento para erguer as colunas e vigas nas construções, empregam a madeira compensada para fazer o fechamento interno dos aviários. As paredes laterais externas são de chapas galvanizadas pintadas. No espaço interno, entre o compensado, eles usam materiais de isolamento, como a lã de vidro.

Os telhados também são de chapa galvanizada ou com zinco. Embaixo, instalam forro de plástico resistente e, acima desse forro, também usam uma camada de lã de vidro. Tudo isso para chegar ao coeficiente de troca térmica ideal (R20), tanto para a insolação de fora, quanto para as perdas de calor de dentro para fora dos aviários.

Lá de vidro usada no forro e entre as paredes laterais em granjas dos Estados Unidos

Todo esse material usado por eles oferece um custo de instalação bem parecido com o nosso aqui no Brasil, mas com uma vantagem muito grande, pois é mais fácil de fazer a vedação adequadamente. Com isso, eles minimizam o uso de energia elétrica, ligando menos os exaustores, aproveitando ao máximo o calor gerado dentro do aviário pelas aves.

Os norte-americanos automatizaram suas granjas, modernizaram as construções e usam a ventilação tipo túnel em quase a totalidade das granjas. As empresas de equipamentos têm produtos similares em todo o mundo.

No Brasil e na América do Sul

O Brasil está construindo granjas mais modernas e climatizadas. As integradoras e empresas brasileiras têm produtores antenados com a evolução da avicultura. Cada dia mais, os produtores percebem a diferença na eficiência produtiva entre galpões simples e climatizados.

A ampla maioria dos aviários sul-americanos são de estrutura simples, abertos, convencionais, com ventiladores e nebulizadores. Mesmo assim, entregam excelentes resultados zootécnicos. Nossa cultura é de alto ganho de peso diário, conversões alimentares cada vez melhores, custo mais alto da ração com níveis nutricionais elevados e pessoas trabalhando de forma braçal para compensar as deficiências por falta de equipamentos e tecnologia.

Mas a tendência das empresas e dos técnicos, cada vez mais capacitados e atuantes em parceria com os produtores, é o aprimoramento constante nos galpões com mais equipamentos disponíveis.

Sabemos que alguns incentivos na implantação da melhoria estrutural das integrações, bem como as dificuldades em momentos de altos custos de produção, retardaram o fomento de mais galpões. Mas também sabemos que galpões mais modernos facilitam o trabalho e tornam o resultado dos lotes mais constantes em diferentes climas e estações do ano.

As granjas mais convencionais requerem atenção extra, pois a falta de tecnologia nos obriga a trabalhar com mais intensidade, com melhor manejo de cortina, mais gasto no aquecimento, mais atenção ao comportamento das aves e às mudanças de estratégias de atuação devido as condições climáticas mudarem a cada minuto e este galpão mais simples está desprotegido contra essas mudanças externas.

Nestas granjas convencionais, sem grandes materiais de vedação e isolamento, é importante usufruir das cortinas laterais e internas, conjunto de cortina dupla, bem como as cortinas transversais dentro dos pinteiros, e a vedação, um envelopamento, sempre com mecanismo que possibilite abrir de cima para baixo, mecanizado ou manual, e sempre manejar esta abertura para garantir a entrada de ar fresco e renovado.

É importante que os produtores de frango de corte busquem aviários melhor climatizados, com painéis evaporativos nas entradas, inlets ou janelas de entrada de ar ao longo da lateral, telhados com isolamento, empregando o completo entendimento do processo de ventilação para a ambientação das aves.

Nosso trabalho dedicado faz do Brasil a avicultura mais competitiva do mundo, com o primeiro lugar nas exportações de carne de frango do planeta. Quando os produtores ampliarem os aviários climatizados e darem qualificação constante à mão de obra, o Brasil será ainda mais competitivo.

Devemos buscar ser eficientes energeticamente, economizar em custos de energia e aquecimento nas granjas. E a vedação e isolamento dos aviários é uma poderosa condição para contribuir com custos de produção mais competitivos, ampliando ainda a alta performance das aves.

Cobb-Vantress reúne especialistas e clientes de todo o país em Escola Técnica

Aditivos na nutrição animal: o uso estratégico dos emulsificantes

Aumento das exportações de carne de frango ajuda a equilibrar custo de produção

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Aditivos que contenham em sua composição produtos à base de lisolecitina, com teores elevados de LPC e emulsificantes sintéticos como o PEGR são mais eficientes no processo de formação de micelas e disponibilização de energia, o que na prática resulta em aumento na digestibilidade das gorduras e maior eficiência na disponibilização da energia.

O mercado de produção animal tem sido desafiador. Talvez nunca tenha sido tanto. Soma-se à sobre-oferta de carne nos mercados externos e internos, inflação e consequente redução de renda e de consumo de carnes no Brasil, o problema da alta de preços dos grãos, insumos fundamentais na produção de ração dos animais.

Embora a eficiência no uso de tecnologias em avicultura para melhora no desempenho dos animais seja prática conhecida, temos visto muitos questionamentos quanto aos custos dos aditivos utilizados, mesmo que representem, percentualmente, apenas uma mínima parte do custo alimentar das aves. Diante disso é bom que deixemos claro a todos o que queremos e o que esperar com cada tecnologia.

Pensando nas dietas tradicionais de frangos de corte, desenhadas com altos teores de energia para atender a demanda energética das linhagens modernas, temos, além do milho e da soja, volume significante de óleo, o que pode impactar consideravelmente o custo das rações. Energia e proteína são, portanto, os nutrientes mais caros da dieta.

Reduzir níveis de energia e proteína (aminoácidos) pode ajudar a reduzir o custo da dieta, mas em contrapartida pode promover uma redução no desempenho das aves, prejudicando diretamente o ganho de peso e a conversão alimentar, o que diminui a produtividade e pode resultar em custos mais elevados de produção quando considerados todos os custos do processo. Portanto, quando os custos de produção estão elevados, reduzir níveis ou retirar todos os aditivos nem sempre são as melhores escolhas.

Alguns aditivos por sua vez possuem o objetivo claro de melhorar a eficiência na produção dos animais, o que significa maximizar o uso dos ingredientes, reduzindo perdas. Os emulsificantes são um bom exemplo desta categoria de aditivos.

Os emulsificantes são aditivos utilizados para melhorar a “quebra” da gordura incluída na forma de óleos e graxas e permitir uma melhor interação delas no meio digestivo, que é aquoso.  Esta “quebra” produz gotículas de gordura menores que são melhor “digeridas” pelas enzimas digestivas das aves, possibilitando que “mais energia” seja extraída e absorvida pelos animais, o que resulta em aumento na eficiência no aproveitamento dos ingredientes já presentes na dieta.

Existem diferentes aditivos classificados como emulsificantes no mercado, mas cuja composição pode diferir tanto no perfil dos ingredientes utilizados como na qualidade e concentração dos ativos presentes nos diferentes ingredientes. E isso irá impactar diretamente na eficiência de do produto final.

Os emulsificantes mais conhecidos são a base lecitina de soja, produzida a partir do processo de degomagem do óleo, e são uma excelente fonte de fosfatidilcolina (PC), um fosfolipídio surfactante natural (biosurfactante), que auxilia na emulsificação das gorduras, formação da micela e consequente hidrólise lipídica. No entanto, antes de atuar na emulsificação, a PC sofre a ação da enzima fosfolipase A2 liberada pelo pâncreas e se transforma na lisofosfatidilcolina (LPC), que é a principal responsável pela manutenção da micela, hidrólise dos lipídios na micela e posterior absorção pelos enterócitos.

Produtos ricos em lisolecitina ou lecitina hidrolisada de soja, portanto, são mais eficientes no processo de emulsificação das gorduras e permitem maior formação e estabilidade das micelas e consequentemente maior disponibilidade de energia, porque possuem maior teor de LPC. O uso de produtos com alto LPC apresenta benefícios no desempenho técnico e econômico das dietas animais e permite a formulação de dietas de menor densidade nutricional, mais econômicas, sem perda de desempenho.

Uma das maneiras de diferenciar os produtos disponíveis no mercado é pelo teor de LPC que apresentam e pelo conteúdo de lecitina hidrolisada de soja presente em sua composição. Outra característica importante dos emulsificantes é o HLB ou balanço hidrofílico-lipofílico, que é uma escala que mostra a interação das partes lipofílica e hidrofílica de uma molécula anfifílica (que possui parte hidrofílica e lipofílica) e varia de 0 a 20. Em resumo, quanto mais baixo o valor de HLB, maior a interação e solubilidade em óleo. Quanto mais alto o valor de HLB, maior a solubilidade em meio aquoso, como ocorre no sistema digestivo.

Com o objetivo de melhorar os processos de emulsificação do óleo contido na dieta, alguns emulsificantes contêm também em sua composição o ricinoleato de gliceril polietilenoglicol (PEGR), um emulsificante sintético dos mais hidrofílicos do mercado, que possui alto valor de HLB.  O objetivo do uso deste emulsificante é intensificar os processos de emulsão nas misturas óleo água, e com isso tornar a emulsão mais eficiente. O PEGR também é muito usado nas dietas de rações peletizadas, já que melhora o processo de mistura óleo/água que ocorre dentro dos equipamentos e favorece a melhoria da qualidade do pellet.

Pensando na melhor eficiência dos processos de emulsificação e nas diferentes características dos emulsificantes, aditivos que contenham em sua composição produtos à base de lisolecitina (lecitina hidrolisada), com teores elevados de LPC e emulsificantes sintéticos como o PEGR são mais eficientes no processo de formação de micelas e disponibilização de energia, o que na prática resulta em aumento na digestibilidade das gorduras e maior eficiência na disponibilização da energia.

Neste sentido, justamente por aumentar a disponibilidade de energia das dietas, estes aditivos possuem uma matriz nutricional que permite a valorização de energia até 75 kcal (dados internos) ou até mais, dependendo do teor e perfil da gordura utilizada na dieta. Na prática, permite uma redução significativa na inclusão de óleo e nos custos da dieta, sem a perda de resultados de ganho de peso.

Portanto, ao buscar “cortar” os custos das dietas, escolha estratégias que lhe façam perder menos e aproveite por escolher aquelas que lhes tornem ainda mais eficientes. A tecnologia dos emulsificantes é uma realidade e traz ganhos consistentes.

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Por Silvano Bünzen, zootecnista, doutor em Nutrição de aves e suínos e gerente Técnico da Feedis

Principais problemas causados pelas contaminações são a infecção do saco da gema, que pode provocar a morte prematura da ave, a transmissão cruzada de doenças e a baixa eclosão de ovos.

Vários fatores contribuem para expor os incubatórios a constantes ameaças de patógenos. Entre essas condições, as mais relevantes são a circulação frequente de pessoas e veículos e o próprio ambiente interno, propício para a ocorrência de doenças que afetam a produtividade e a qualidade dos ovos e consequentemente a saúde das aves.

Os principais problemas causados pelas contaminações são a infecção do saco da gema, que pode provocar a morte prematura da ave, a transmissão cruzada de doenças e a baixa eclosão de ovos.

Consultora e médica veterinária Renata Steffen: “Temos que conhecer o nosso inimigo e lembrar que ele está camuflado dentro da planta incubatória e lá dentro existe tudo que um fungo ou bactéria precisa” – Foto: Arquivo pessoal

Segundo a consultora e médica-veterinária Renata Steffen, a otimização da higiene no incubatório depende de três ações-chave: prevenir a entrada de patógenos através da biosseguridade; evitar a contaminação cruzada ou transporte de patógenos e inibir o desenvolvimento de mais doenças por meio da higienização. “Não tem como promover um ambiente estéril dentro do incubatório, e não é isso que queremos. Queremos é criar um local controlado de crescimento fúngico ou bacteriano”, explica Renata, e completa: “mas que esse crescimento não prejudique o desenvolvimento embrionário ou a qualidade dos pintinhos. E para isso fazemos uso da higienização”, afirma.

Renata destaca o papel fundamental do processo de biosseguridade no incubatório, porém, esse não é o único elo que merece atenção no controle interno de contaminantes dentro da planta de incubação. “O monitoramento e registro, o treinamento continuado e as auditorias são importantes”, afirma Renata.

O principal meio externo de contaminação pode ser os ovos incubáveis que chegam no incubatório, pois podem trazer com eles patógenos, devido a um manejo inadequado ou a uma desinfecção incorreta.

As bactérias podem ser classificadas em: fermentadoras e não fermentadoras. As fermentadoras são aquelas que estouram e espalham uma grande carga bacteriana dentro da incubadora, o que aumenta a contaminação para os demais ovos. “Numa incubadora de estágio múltiplo distante isso se torna ainda mais preocupante”, comenta.

Conforme Steffen, as bactérias mais comuns vindas das granjas e que podem afetar a produção são as Pseudomonas spp, Salmonella spp, Escherichia coli, entre outras. “É muito importante combater essas bactérias para não se proliferarem e trazerem danos”, salienta.

Em relação a fungos, Renata cita a presença do Aspergillus dentro das plantas de incubação e as consequências que doenças respiratórias ou neurológicas podem causar quando acometidas pelo Aspergillus.

A alta incidência do fungo causa problemas graves que geram prejuízos enormes, não somente para retirá-lo do incubatório, como também no desenvolvimento dos pintinhos. “É importante sempre orientar e observar se está sendo realizada primeiramente essa quebra na clara de ar para saber se tem presença ou não do fungo”, ressalta .

Manter a planta incubatória com níveis aceitáveis é, segundo Renata, o grande desafio nos incubatórios. “A avaliação da qualidade sanitária do centro de incubação deve ser efetuada periodicamente para se ter uma ideia da intensidade da contaminação ambiental, permitindo avaliar a eficácia dos processos de limpeza e desinfecção efetuados”, salienta Steffen.

Para isso, ela destaca a qualidade da matéria-prima através da sanidade das matrizes e saber se há lotes com problemas e classificá-los por último, sempre do mais novo para o mais velho também é indicado pela consultora. “Outro ponto importante é observar a qualidade de cascas, as trincas e a sujidade desses ovos”, explica.

Steffen afirma que é preciso conhecer as potenciais ameaças para saber onde e como agir. “Temos que conhecer o nosso inimigo e lembrar que ele está camuflado dentro da planta incubatória e lá dentro existe tudo que um fungo ou bactéria precisa”, ressalta.

Higienização e desinfecção

Para desenvolver os Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO) de maneira aplicável e com resultados satisfatórios, Renata aponta algumas etapas. De acordo com ela, é necessário observar alguns parâmetros, como os intervalos e frequência de limpeza e desinfecção conforme o sistema de produção; o tipo de detergente utilizado, concentração ou diluição e tempo de operação; a determinação de uma sequência lógica e a definição da qualificação e o número de operadores necessários para cada fase do serviço.

A primeira etapa é o intervalo e a frequência de limpeza e desinfecção do incubatório, que não deve ocorrer com a mesma frequência, em razão das áreas apresentarem diferentes sujidades. “Numa sala de ovo não tem uma sujidade tão alta, como no piso, onde costuma cair uma penujem ou maravalha”, exemplifica.

A operação de limpeza e desinfecção deve seguir uma sequência que deve iniciar no teto, passando para as paredes, hélice e finalizando no piso, e não utilizar o mesmo rodo que foi lavado o piso, para lavar as paredes e o teto ao preço de “levaremos agentes contaminantes de um local com maior incidência, para outro local com menor”.

A sala de classificação de ovos deve ter os pisos e bancadas limpos diariamente, enquanto que as paredes e tetos podem ser limpas a cada dois meses.

Devido a carga alta de agentes contaminantes, a limpeza das paredes, teto, piso e hélice dos nascedouros deve ser feita todo dia.

Geralmente são usados três tipos diferentes de detergentes na limpeza dos incubatórios: o alcalino, o neutro e o ácido. Cada detergente deve ser usado conforme a necessidade observada em cada ambiente e a frequência de limpeza. Renata destaca a necessidade de usar o gerador de espuma, pois ele ajuda na aderência do detergente na superfície e age na retirada da matéria. “É preciso deixar o tempo indicado pelo fabricante para a ação correta do produto, em torno de 10 a 15 minutos”, informa.

Os desinfetantes mais utilizados no processo de limpeza dos incubatórios são o glutaraldeido, clorexidina, cloro, iodo, fenol amônia quartenária e o formol. De acordo com Renata, cada desinfetante deve ser utilizado segundo suas propriedades. “Conforme a sujidade, usaremos as moléculas para cada situação”, ressalta.

Outro fator importante é ter os procedimentos descritos com o material de limpeza usado, o desinfetante com sua concentração/diluição e forma de aplicação e o responsável pela operação.

Para Renata, qualificar e definir o número de colaboradores para cada etapa do processo de limpeza do incubatório é indispensável. “Temos que treinar esses operadores e distribuí-los de forma adequada, conforme o tempo que cada etapa exige, para que o serviço seja executado com qualidade”, salienta Renata

Um bom treinamento pode ser executado em duas partes:

Teórico, para apresentar o procedimento e como deve ser realizado, e prático, acompanhando o funcionário no local a ser realizado o procedimento, observando o passo a passo de como ele está desempenhando a função e sanar as dúvidas sobre a atividade.

O treinamento prático, segundo Renata, eleva o índice de assertividade do processo de limpeza. “Percebemos uma satisfação maior do funcionário em ver que tem alguém explicando como fazer e tirando as dúvidas”, menciona.

O custo-benefício precisa ser considerado, de acordo com Steffen, afinal, é muito menos dispendioso fazer a limpeza, a desinfecção e o controle de contaminantes, do que ter que resolver o problema já instalado. “A implantação e manutenção de um programa de otimização é bem mais em conta do que combater e eliminar agentes”, afirma. As despesas não se concentram apenas na necessidade de aumentar a quantidade de desinfetante ou trocar a molécula, mas em perdas de eclosão, mortalidade dos pintinhos no primeiro dia e baixa qualidade. “É uma cascata de perdas que começam a acontecer devido a um elo que se quebrou dentro da cadeia”, aponta Renata.

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Explorar as novas oportunidades que pode oferecer na nutrição monogástrica é essencial para entender melhor as bactérias benéficas que fermentam as fibras.

A saúde intestinal é um componente chave da produção animal e está fortemente correlacionada com a melhoria das taxas de produção. É frequentemente considerada sinônimo de saúde animal, o que é um conceito bastante complexo e amplo. Este conceito não só abrange processos como digestão e absorção eficiente de nutrientes, metabolismo energético ou a barreira gastrointestinal, mas também é fundamental para muitos aspectos da saúde animal, como a manutenção de um bom estado imunossanitário, melhoria dos parâmetros metabólicos ou aspectos da etologia animal.

O trato digestivo é o lar de uma comunidade microbiana complexa e dinâmica. A interrelação e comunicação que existe entre estas comunidades é conhecida como “comunicação intercelular”. As bactérias se comunicam entre si por sinais diretos ou pela emissão de substâncias recebidas por outras bactérias. Essas moléculas transmissoras de sinais são o meio pelo qual as bactérias detectam a utilidade de produzir diferentes tipos de moléculas, tais como enzimas endógenas. Portanto, é crucial entender como as bactérias que compõem a microbiota intestinal se comunicam entre si a fim de poder atuar sobre elas e, assim, ser capaz de produzir modulações e adaptações deste mecanismo de comunicação.

Diferentes abordagens são usadas para caracterizar a microbiota e definir sua função, incluindo métodos baseados em cultura, perfil de Guanina + Citosina (G+C), reação imediata em cadeia da polimerase (qPCR), estudos de sequenciamento de genes codificados por 16S ribossomos RNA, sequenciamento rápido, sequenciamento metagenômico indiscriminado e metaproteômica. Cada técnica tem suas próprias vantagens e desvantagens. Portanto, continuamos a aprender como aplicar e combinar métodos de análise microbiológica.

O advento de métodos rápidos de sequenciamento baseados em DNA, bem como a análise bioinformática, permitiu um rápido aumento no número de estudos para identificar e caracterizar as bactérias e seus genes. Por outro lado, a capacidade fermentativa da microbiota para fermentar substratos não digeríveis, tais como certas partes de fibra alimentar ou detritos celulares mortos, também tem sido estudada em maior profundidade.

Como resultado desta fermentação, bactérias especializadas multiplicam-se e produzem compostos bioativos, incluindo ácidos graxos voláteis (AGV), como ácido acético, propiônico e butírico, assim como vitaminas ou enzimas microbianas endógenas. O ácido butírico, por exemplo, é a principal fonte de energia para enterócitos, está envolvido em processos que melhoram a integridade epitelial da mucosa e tem a capacidade de contribuir para manter a função da barreira intestinal.

A fibra pode ser definida em termos de suas propriedades físicas ou químicas. Do ponto de vista fisiológico, é aquela parte da planta (incluindo polissacarídeos, oligossacarídeos, lignina e substâncias vegetais associadas) que é resistente à digestão e absorção no intestino delgado e que pode ser total ou parcialmente fermentável nas partes distais do trato digestivo. O problema é que esta definição se baseia na fisiologia do animal e não na sua caracterização na matéria-prima e na ração composta. Quimicamente, a fibra engloba todos os polissacarídeos não amido (PNAs) mais a lignina.

Os PNAs consistem de polímeros macromoleculares de monossacarídeos, ligados por um tipo específico de ligação, chamado de ligação glicosídica. Podem ser grandes ou pequenos, ramificados ou lineares, assim como compostos de um ou mais tipos de açúcares monoméricos. Devido ao uso de sistemas de medição mais antigos, a fibra dietética total (TDF) da ração e das matérias-primas não é refletida e, portanto, uma grande fração da fibra muito relevante é frequentemente subestimada.

Outros métodos, como a fibra detergente ácida (ADF) e a fibra detergente neutra (NDF), estão difundidos, mas também subestimam os componentes do TDF, particularmente as frações solúveis. Além disso, as variações na estrutura e características da fibra afetam totalmente sua funcionalidade fisiológica. Durante décadas, a fibra tem sido considerada um antinutriente nas dietas monogástricas, devido ao seu caráter diluído de energia, bem como por estar associada a aumentos na viscosidade intestinal e, portanto, a uma acentuada redução na digestibilidade e absorção de nutrientes.

Entretanto, agora é aceito que certas frações de fibras fazem parte de um nutriente digestivo funcional, independentemente de seu valor energético. A determinação dos PNAs pode lançar alguma luz sobre os diferentes componentes da fibra e seu impacto fisiológico. Uma melhor compreensão e caracterização da fibra levou a uma nova perspectiva sobre a valiosa funcionalidade que ela pode ter em termos de melhoria da saúde intestinal e, portanto, melhor desempenho de produção dos animais.

Sabe-se há décadas que, nos ruminantes, a simbiose entre o hospedeiro e o microbioma é essencial para atender às necessidades energéticas e nutricionais dos ruminantes. Mais recentemente, a importância dessas relações simbióticas também foi reconhecida em monogástricos. Embora as estratégias nutricionais dos monogástricos sejam diferentes das dos ruminantes, o trato digestivo ainda desempenha um papel fundamental em termos de saúde digestiva, imunológica e fisiológica.

Muitos dos problemas que os produtores de suínos enfrentam hoje em dia são a redução da disbiose, diarreia pós-desmame e eficiência alimentar, todos relacionados à saúde intestinal e ao microbioma intestinal e podem ser melhorados através de uma melhor adaptação e desenvolvimento de uma microbiota fibrolítica desde uma idade precoce.

Resiliência intestinal e aditivos

A interação entre ração e microbioma tem sido demonstrada por mudanças nas comunidades microbianas e proliferação seletiva das bactérias desejadas devido a modificações da fonte de energia para as bactérias. O trato digestivo está em contato permanente com o ambiente externo através da alimentação e, devido a esta grande superfície de contato, a barreira funcional e a resposta imunológica devem ser eficazes, o que pode ser alcançado através da melhoria da resiliência intestinal. A resiliência intestinal é descrita como a capacidade do instinto de lidar com adversidades entéricas, bem como sua capacidade de responder. A resiliência intestinal depende de numerosos fatores, de um ponto de vista nutricional podemos principalmente enquadrar o tipo de fibra e suas características, maturidade intestinal e funcionalidade da microbiota intestinal (figura 1).

Tendo em vista as propriedades de nutrientes como as fibras, é necessário rever as estratégias nutricionais e introduzir novas classes de aditivos funcionais que podem redefinir a nutrição do microbioma. Estes aditivos devem ser escolhidos para apoiar as condições intestinais e manter o equilíbrio entre ambiente, hospedeiro e microbiota, melhorando assim a saúde intestinal, melhorando a digestibilidade e absorção de nutrientes, alcançando um melhor estado de saúde imunológica e controlando o crescimento e proliferação de bactérias patogênicas através da exclusão competitiva. Esses aditivos podem se tornar um produto valioso na indústria de ração animal. Não se trata apenas de alimentar os animais, mas também as bactérias que vivem no trato gastrointestinal.

O crescimento e desenvolvimento bacteriano no trato digestivo começa imediatamente após o nascimento ou eclosão. Foram observadas populações bacterianas no intestino e no ceco para diversificar e mudar com a idade.  À medida que o animal hospedeiro envelhece, o microbioma se torna mais estável. Desenvolver um microbioma que possua alta atividade de fermentação de fibras desde uma idade precoce e o mais cedo possível é uma estratégia muito útil para maximizar o desempenho. Quanto mais cedo for estabelecido um mecanismo de adaptação e desenvolvimento de uma microbiota fibrolítica, os PNAs anteriores podem ser degradados e, portanto, efeitos colaterais como o aumento da produção de AGV, enzimas endógenas, melhorias na fermentação e digestibilidade de nutrientes e, portanto, melhores índices de desempenho animal podem ser alcançados.

Por sua vez, o VFA é conhecido por modular a imunidade da mucosa ao estimular a produção de IgA e IgG. Uma das soluções colocadas no mercado é um produto estimbiótico, que pode ser descrito como aquele que aumenta a capacidade intrínseca do animal de digerir fibras através de seu efeito na modulação e adaptação da microbiota intestinal de fermentação de fibras. Seu efeito promotor se baseia na estimulação de um microbioma de decomposição de fibras que, através deste processo, reduz os patógenos oportunistas (figura 2) em favor das bactérias benéficas por um mecanismo de exclusão competitiva.

Abundância relativa de populações bacterianas em amostras cecais analisadas por 16S de sequenciamento de genes RNA em aves alimentadas com um produto estimulante e um controle com uma carboidrase comercial

Além disso, o estimulante aumenta a fermentação das fibras no intestino grosso e a capacidade de produção de ácidos graxos voláteis do microbioma ceco, enquanto diminui a quantidade de ácidos graxos de cadeia ramificada e produtos de putrefação de proteínas indesejáveis. A estimulação das bactérias fermentadoras de fibras aumenta a produção de enzimas endógenas, como as carboidrases, que aumentam a fermentação das fibras.

Em geral, o estimulante melhora a digestibilidade das proteínas e fibras, o que se traduz em melhores rendimentos de produção. Eles também são conhecidos por efeitos que vão além de seus benefícios nos índices de produção, tais como melhorar a capacidade de resposta a potenciais desafios na fazenda, aumentar a capacidade funcional do sistema imunológico e diminuir o crescimento de patógenos oportunistas através da exclusão competitiva, o que os distingue de outros produtos comercialmente disponíveis.

A fibra dietética é sem dúvida de maior valor do que se pensava inicialmente. Explorar as novas oportunidades que pode oferecer na nutrição monogástrica é essencial para entender melhor as bactérias benéficas que fermentam as fibras. Considerando que a fibra representa uma fração considerável da ração monogástrica, parece razoável saber e entender como obter os benefícios associados, tais como melhorias nas taxas de produção e saúde animal que a fermentação da fibra oferece. Isto pode ser alcançado por meio de um produto estimulante, um aditivo alimentar funcional destinado ao desenvolvimento e adaptação de um microbioma fibrolítico.

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